John F. Ryan, Comissão Europeia, Diretor da unidade de gestão de crises
![John F. Ryan, Comissão Europeia, Diretor da unidade de gestão de crises](/health/images/informative/newsletter/newsletter_168_edito.jpg)
As ameaças sanitárias transfronteiriças representam um grande desafio tanto para os países desenvolvidos como para os países menos desenvolvidos. Devido à propagação de vetores e ao desenvolvimento de meios de transporte rápidos entre os continentes e no interior dos mesmos, todas as regiões do mundo podem ser rapidamente afetadas por surtos. Os potenciais efeitos graves para a saúde humana fazem-se frequentemente acompanhar por perturbações económicas e sociais importantes. Por conseguinte, para nos defendermos destas ameaças, são necessárias medidas de prevenção e preparação adequadas, aliadas a capacidades sólidas em termos de sistemas de vigilância, de comunicação de informações, de mecanismos de alerta e de resposta nos domínios da saúde humana e dos animais. A coordenação das respostas dos países da UE a estas ameaças assegura que as medidas tomadas a nível nacional são compatíveis entre si e, por conseguinte, se reforçam mutuamente.
Embora, na Europa, o risco de transmissão direta do vírus zica por um mosquito Aedes a um ser humano seja mínimo, a UE tem estado em contacto estreito com o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, os Estados-Membros, os setores do turismo e dos transportes, o centro de prevenção e controlo de doenças dos EUA e outras autoridades sanitárias europeias e internacionais relevantes desde o início do atual surto do vírus zica, a fim de ajudar os Estados-Membros a prepararem-se melhor para este surto. Com base nas avaliações de risco elaboradas pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, o Comité de Segurança da Saúde da UE acompanhou o desenvolvimento da resposta coordenada ao surto, que, agora que este se estendeu à Ásia, está ser objeto de alterações.
A nossa capacidade para reagir foi reforçada com a adoção, há três anos, da Decisão 1082/2013/UE relativa às ameaças sanitárias transfronteiriças graves, bem como com o recente lançamento do Corpo Médico Europeu que permite mobilizar especialistas médicos e de saúde pública dentro e fora da UE, no âmbito dos Recursos Humanos para a Ação Sanitária de Emergência a Nível Mundial.
A Comissão está empenhada em acelerar a aplicação do Regulamento Sanitário Internacional e contribui para o trabalho da Organização Mundial de Saúde e de outros grupos com vista a reforçar a preparação e a resposta a ameaças biológicas e químicas, ao terrorismo radio-nuclear e à pandemia de gripe. Além disso, o Centro de Conhecimento da Gestão dos Riscos de Catástrofes tem como objetivo reforçar a capacidade da UE e dos Estados-Membros para fazer face a catástrofes, bem como para prevenir, preparar-se e responder a situações de emergência.
A decisão relativa às ameaças sanitárias transfronteiriças também reforça a coordenação das medidas de preparação em toda a UE, prevê a apresentação periódica de relatórios que identificam as áreas em que é possível introduzir melhorias e cria a possibilidade de os Estados-Membros em conjunto procurarem contramedidas médicas, um mecanismo que está a ser implantado com êxito.
A introdução de estratégias eficazes de prevenção de doenças, tais como a garantia de níveis elevados de vacinação e a prevenção da resistência antimicrobiana, e o reforço da prevenção do VIH, da hepatite e da tuberculose são outros exemplos em que os países da UE podem cooperar para enfrentar melhor desafios comuns.
Em conclusão, a importância da prevenção e da preparação para as doenças transmissíveis e outras ameaças para a saúde não pode ser subestimada e constitui um aspeto fundamental da proteção dos cidadãos e da sociedade.