Indústria e empreendedorismo
Crescimento verde
Uma oportunidade para o crescimento sustentável e a criação de emprego
Hoje, mais do que nunca, a Europa necessita de novas fontes de crescimento. Com a população mundial a crescer mais cerca de 70 milhões de pessoas no mundo por ano, o consumo de bens e a procura de energia e matérias‑primas deverão aumentar exponencialmente. É, portanto, necessário que a economia se torne mais sustentável, utilize os recursos de forma mais eficaz e produza menos emissões de carbono. Necessitamos de assegurar que as políticas relativas à indústria, clima, energia, ambiente, etc., são coerentes entre si e criam as condições adequadas à inovação e ao investimento.
Devemos poder tirar plenamente partido das oportunidades de negócio que surgirão com a transição para uma economia sustentável. O mercado mundial da proteção do ambiente representa também uma grande oportunidade para as empresas europeias. Com efeito, calcula-se que, atualmente, o valor atual do mercado mundial de bens e serviços ambientais ronde os mil milhões de euros por ano, um valor que deverá duplicar ou triplicar até 2020. Num contexto de crescente limitação dos recursos, é evidente que uma maior eficiência na sua utilização pode conferir uma vantagem competitiva importante às empresas e aos países. Na Europa, o crescimento económico está cada vez mais dissociado do impacto ambiental, o que é um sinal muito encorajador. A nível mundial, estima-se que as poupanças e as receitas que poderiam resultar do aumento da produtividade dos recursos possam cifrar-se em biliões de euros.
Para assegurar meios de subsistência decentes e um ambiente limpo, precisamos de empresas prósperas que desenvolvam produtos, processos e sistemas avançados. A Europa já produz algumas tecnologias e serviços ambientais de ponta, detendo cerca de um terço do mercado mundial. As principais indústrias ambientais europeias - ativas nos domínios da gestão e controlo da poluição, recolha e tratamento de resíduos, energias renováveis e reciclagem - representam mais de três milhões de postos de trabalho.
Devemos agir em duas frentes: eficiência (otimização dos processos) e circularidade. Por outras palavras, devemos utilizar um sistema industrial integrado capaz de tirar partido das oportunidades comerciais resultantes da exploração de recursos subaproveitados: materiais, energia, água, capacidades, conhecimentos especializados, etc. A inovação a nível da eficácia dos processos, da conceção dos produtos e da otimização da cadeia de valor pode trazer grandes benefícios.
A eficácia dos processos pode ajudar a encontrar soluções a mais longo prazo para reduzir o consumo de combustíveis fósseis nos processos industriais, diminuir radicalmente a utilização de recursos pela indústria transformadora e eliminar substancialmente os resíduos industriais.
Para fabricar um produto, são necessárias uma grande variedade de materiais e energia. Por conseguinte, tem toda a lógica, tanto do um ponto de vista comercial como ambiental, incentivar a oferta e a procura de produtos que utilizem mais eficazmente os recursos. A diretiva da Comissão relativa à conceção ecológica pode permitir realizar economias até 90 mil milhões de euros por ano e criar um milhão de postos de trabalho. Embora a energia tenha sido o principal recurso visado até à data, a diretiva passa em revista todos os aspetos ambientais numa perspetiva que tem em conta o ciclo de vida.
Os produtos acabados são frequentemente o resultado de contributos de várias empresas ou subcontratantes e a eventual coexistência de requisitos incompatíveis pode gerar desperdícios consideráveis. Uma otimização da cadeia de valor que permita às indústrias e empresas em causa identificar sinergias e colaborar entre si encerra, pois um grande potencial.
O crescimento verde e a criação de produtos eficientes em termos de recursos podem igualmente proporcionar às empresas europeias oportunidades de negócio em todo o mundo. A minha visita à China, em 2013, em prol de um crescimento verde, mostrou a forma como as empresas europeias especializadas em produtos e serviços respeitadores do ambiente são procuradas pelas empresas chinesas.
Está em curso uma consulta pública da Comissão Europeia que visa recolher os pontos de vista das partes interessadas sobre quais as medidas de apoio mais adequadas para ajudar as PME a utilizar mais eficazmente os recursos.
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