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O que é o PIB?

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Veja o vídeo que explica o que é incluído no PIB (em inglês)

Este artigo faz parte de Statistics 4 beginners, uma secção de Statistics Explained onde são explicados, de um modo simples, indicadores e conceitos estatísticos, para tornar o mundo das estatísticas mais acessível aos estudantes, assim como a todas as pessoas que se interessam por estatísticas.

O Produto Interno Bruto (PIB) é a medida mais utilizada para avaliar a dimensão de uma economia. O PIB pode ser calculado para um país, para uma região (como a Toscânia, na Itália, ou a Borgonha, na França) ou para um conjunto de vários países, como é o caso da União Europeia (UE). O PIB é o total de todo o valor acrescentado criado numa economia. O valor acrescentado corresponde ao valor dos bens e serviços que foram produzidos, deduzido do valor dos bens e serviços necessários para os produzir, o chamado consumo intermédio. Esta questão será retomada mais adiante.


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O que é considerado para o cálculo do PIB?

A maior parte do PIB é o valor de todos os bens e serviços de consumo final que são produzidos para venda (“final” significa excluindo o consumo intermédio – ver acima).

Não se tem em conta se os bens ou serviços produzidos têm um impacto positivo ou negativo, numa perspetiva social ou ambiental. Por exemplo, se há um derramamento de petróleo no oceano, o transporte do petróleo e o trabalho de limpeza a ele inerente são incluídos no PIB.

O PIB também inclui o valor dos bens e serviços produzidos para serem usados como investimento pelos próprios produtores.

Exemplo

  • Se uma empresa de engenharia produz certas máquinas especiais para sua utilização, uma empresa de construção constrói novos escritórios para si própria ou uma empresa desenvolve software para uso interno, estes são incluídos no PIB, embora, na realidade, não sejam vendidos.
  • Do mesmo modo, se a Josefina constrói ou faz alterações de vulto na sua casa e por sua conta, isso deve ser contabilizado como parte do PIB, ocorrendo o mesmo com qualquer trabalho feito por voluntários (não pagos).

O PIB inclui ainda todos os bens produzidos pelas famílias para uso próprio.

Exemplo Se a Camila cultiva cereais ou fabrica cerveja, roupas ou mobiliário no seu domicílio e, em qualquer dos casos, para uso próprio, tudo isso contribui para o PIB do seu país.

Na prática, este tipo de trabalho tende a ser em muito pequena escala nas economias desenvolvidas e só algumas categorias serão objeto de inquirição ou estimadas de modo a serem incluídas no PIB.

Há alguns (poucos) tipos de trabalho que não são incluídos no PIB e que dizem respeito sobretudo a certos tipos de serviços, tais como o trabalho doméstico, os serviços domésticos diários e os cuidados pessoais.

Exemplo Quando o Alexandre está em casa e faz limpezas, prepara o jantar, lava e passa roupa a ferro ou toma conta dos irmãos ou irmãs mais novos, nada disto contribui para o PIB. Contudo, se ele fizesse qualquer destes serviços para outra pessoa – por exemplo, fazer limpezas, cozinhar ou cuidar de crianças num hotel –, isso contribuiria para o PIB.

De facto, todos os serviços voluntários – ao contrário do que acontece com a produção voluntária de bens – estão excluídos, independentemente de quem beneficia do trabalho, quer seja você e a sua família ou uma organização, por exemplo, de caridade, juvenil ou desportiva.

E quanto à economia paralela ou informal?

As transações não declaradas, tais como simplesmente o trabalho ilegal (não registado para efeitos de impostos ou segurança social), são incluídas no PIB com o recurso a estimativas.

Um exemplo deste tipo de situação pode ser o pagamento em dinheiro a um(a) empregado(a) de limpeza cujo trabalho não é declarado às autoridades. Também deverão ser feitas estimativas para atividades ilegais que envolvem pagamentos monetários, tais como a compra de bens contrafeitos, cigarros de contrabando, prostituição e drogas proibidas.

Não é fácil fazer estas estimativas de transações não declaradas e de atividades ilegais. Está disponível mais informação sobre esta matéria num artigo à parte (em inglês).

Então, o que é que o PIB não traduz?

Quando se quer perceber a dimensão de uma economia, ou estabelecer, para ela, comparações ao longo do tempo ou com outras economias, deve-se ter em conta que não há um valor “certo” para o PIB ou para o crescimento do PIB. O crescimento do PIB não é necessariamente acompanhado de desenvolvimento social ou ambiental numa economia. Isto leva-nos ao ponto seguinte: o que é que o PIB não traduz?

O PIB não mede a situação social ou ambiental de uma economia.

Durante muitos anos, os estaticistas trabalharam para desenvolver estruturas diferentes das contas nacionais, a fim de terem uma visão destas questões, como é o caso, por exemplo, dos inquéritos ao rendimento e às condições de vida e das contas do ambiente. Paralelamente, várias organizações, estaticistas, economistas e outros cientistas sociais esforçaram-se por produzir indicadores com medidas de alcance mais vasto do que o PIB, que refletem outros fatores, incluindo, por exemplo, a felicidade ou o bem-estar. No Eurostat, este trabalho é conhecido como “o PIB e mais além”. Noutras instâncias, dois dos exemplos mais conhecidos são o Índice de desenvolvimento humano, das Nações Unidas e o Índice de bem-estar, da OCDE.

O PIB tem uma família?

O PIB tem um “parente” menos conhecido, chamado rendimento nacional bruto (RNB). O PIB de um país mede a produção das entidades residentes nessa economia, independentemente da sua nacionalidade, ao passo que o RNB inclui o rendimento obtido no estrangeiro por entidades nacionais desse país e exclui o rendimento obtido na economia interna por entidades estrangeiras.

Exemplo Numa economia (designada por “anfitriã”) existe uma subsidiária de uma empresa multinacional detida no estrangeiro. Se essa subsidiária transfere (repatria) lucros para a economia do país de origem dessa empresa multinacional, os lucros repatriados serão incluídos no PIB da economia anfitriã, mas não no seu RNB; por outro lado, os seus lucros serão adicionados ao RNB da economia de origem, mas não ao seu PIB.

Outro exemplo é o do Christophe, que vive na Bélgica e se desloca de automóvel ao Luxemburgo todos os dias úteis, para aí trabalhar. O valor do trabalho que ele produz contribui para o PIB do Luxemburgo, mas, quando se calcula o RNB do Luxemburgo a partir do seu PIB, o vencimento dele é deduzido.

Embora o trabalho do Christophe não contribua para o PIB da Bélgica, o salário que ele recebe está incluído no RNB da Bélgica.

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A diferença entre o PIB e o RNB pode ser muito grande em algumas economias; é o caso da Irlanda e do Luxemburgo, por exemplo, pois há muitas empresas multinacionais a operar nestes dois Estados-Membros da UE. No caso do Luxemburgo, também há um grande número de pessoas dos países vizinhos que atravessa diariamente a fronteira para lá trabalhar.

Como é que o PIB pode ser usado como referência?

Ao mesmo tempo que é útil para análises no seu próprio domínio, o PIB também pode ser usado como referência para muitos outros tipos de estatísticas.

Para investigação e desenvolvimento

Quando se quer ter uma perceção da competitividade de diferentes economias, usa-se habitualmente a intensidade de investigação e desenvolvimento (I & D), que é calculada dividindo a despesa em I & D pelo PIB e é expressa em percentagem. A despesa em I & D e o PIB são ambos medidos em euros, por isso este rácio é fácil de comparar ao longo do tempo e entre países. A intensidade de I & D na UE em 2015 foi de 2,03%, o que significa que a despesa em I & D foi equivalente a 2,03% do PIB.

Para as estatísticas das finanças das administrações públicas

Outro exemplo é quando se calcula quanto dinheiro as administrações públicas têm como défice ou como excedente durante um ano e qual o montante da dívida que acumularam ao longo do tempo; estes dados são frequentemente apresentados em relação ao PIB. Em 2016, o défice (situação em que a despesa é superior à receita) das administrações públicas na UE foi de 1,7% do PIB e a dívida acumulada atingiu 83,5% do PIB.

Estes são apenas dois exemplos em que o PIB é usado como referência; há muitos outros casos.

Quem está interessado no PIB e porquê?

As administrações públicas – aos níveis nacional, regional e local –, as instituições europeias, os bancos centrais e outros organismos económicos e sociais, dos setores público e privado, precisam de um conjunto de estatísticas comparáveis e fiáveis sobre a economia, para poderem desenvolver políticas diversas, baseadas em factos. A alteração do PIB ao longo do tempo é o indicador mais importante relativamente ao crescimento económico.

O PIB também é usado, por exemplo, para decidir sobre a quantidade de dinheiro que as regiões da União Europeia recebem dos fundos estruturais da UE, enquanto o RNB de cada Estado-Membro é usado para determinar em quanto cada país contribui para o orçamento da UE.

Num outro artigo são dadas mais informações sobre os vários usos das contas nacionais em geral e do PIB em particular.

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