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Festival do Novo Bauhaus Europeu e Prémios de 2022: demonstração do engenho europeu

  • 22 Jun 2022
Em Bruxelas e em toda a Europa, o recorde de participação no festival do Novo Bauhaus Europeu, decorrido entre 9 e 12 de junho, demonstra que uma Europa bela, sustentável e inclusiva está ao nosso alcance e mostra o caminho para uma agenda política em matéria de clima participativa.
Festival do Novo Bauhaus Europeu e Prémios de 2022: demonstração do engenho europeu

Imaginemos um movimento alargado de cidadãos europeus totalmente empenhados em tornar os espaços em que vivemos mais bonitos, habitáveis e à prova de clima. Não é preciso imaginar porque já está a acontecer à nossa volta.

Lançado pela Presidente da Comissária Europeia, Ursula von der Leyen, no seu discurso sobre o Estado da União de 2020, o Novo Bauhaus Europeu (NBE) é uma iniciativa criativa e interdisciplinar que liga o Pacto Ecológico Europeu aos espaços habitacionais e experiências das pessoas.

Bruxelas e muitos outros locais dispersos pelo continente acolheram o NBE para celebrar todas as ideias e projetos vibrantes que moldaram este segundo ano da iniciativa. Os eventos incluíram a cerimónia de entrega dos Prémios NBE de 2022.

Tal como referido por Elisa Ferreira, comissária da Coesão e Reformas, durante a cerimónia de entrega dos prémios, o entusiasmo dos europeus face à iniciativa NBE deste ano poderá ser medido pelas 1 100 candidaturas recebidas, com finalistas de todos os Estados-Membros da UE.

Perante o desafio de reinventar modos de produção, estilos de vida e espaços públicos adequados à crise climática, o NBE representa o coração e a alma do Pacto Ecológico Europeu.

Converte o Pacto Ecológico Europeu numa experiência tangível e positiva, na qual todos os europeus podem participar e progredir conjuntamente. Neste sentido, o NBE é uma forma de ligar os cidadãos europeus entre si e convidá-los a partilhar a sua visão do futuro.

Com efeito, a iniciativa foi concebida em conjunto com os cidadãos, profissionais e organizações de toda a UE. Trata-se de uma mudança positiva e da construção de um futuro sustentável, inclusivo e belo.

Valores apelativos

Este conjunto de valores apela às muitas organizações que se candidataram aos prémios NBE. Por exemplo, os representantes da Robida Collective afirmaram: «Identificamo-nos plenamente a nós próprios e ao nosso projeto com os três tópicos basilares do Novo Bauhaus Europeu – a ideia da beleza além da funcionalidade, com dimensões éticas; a ideia de sustentabilidade, que vai além do mero materialismo, mas que também questiona os nossos estilos de vida e a nossa ideia de futuro; e, por fim mas não menos importante, a ideia de união, inclusividade e comunidade, o objetivo de criarmos projetos, ideias e compromissos juntos, além do individualismo.»

A Robida Collective ganhou um prémio por apresentar uma abordagem inovadora à revitalização da vila abandonada de Topolò/Topolove, na fronteira entre a Itália e a Eslovénia, habitando-a como se fosse uma casa.

Esta é uma abordagem que imagina «um futuro diferente para as gerações mais jovens e um destino diferente para os territórios montanhosos rurais que continuam a perder habitantes, nos quais podemos imaginar a vida longe das cidades, mas sem renunciar à contemporaneidade.»

Papel crítico para a política de coesão

A política de coesão desempenhará um papel crucial na concretização dos valores fundamentais da iniciativa Novo Bauhaus Europeu através de investimentos concretos, cofinanciados pela UE ao nível local.

Num esforço contínuo de integração dos princípios orientadores do NBE para o período de financiamento de 2021-2027, a Comissária Europeia irá facilitar a incorporação da iniciativa nos programas da política de coesão e em ações inovadoras.

Foi neste espírito, e em linha com o princípio da inclusividade, que a Comissária Europeia lançou os Prémios NBE. O concurso convida os cidadãos, organizações, autoridades públicas e empresas privadas da Europa a apresentar as suas ideias, visões, inovações e projetos estabelecidos que já consagram os princípios orientadores do NBE.

Desta forma, os Prémios servem como montra das novas ideias de base em desenvolvimento para moldar e materializar a visão do NBE. No entanto, os Prémios também mostram aos administradores e decisores políticos que já existem projetos inovadores e que o NBE não é uma mera utopia.

Desafios e soluções

A nossa sociedade enfrenta desafios sem precedentes. Os projetos revolucionários e inovadores precisam de apoio, recursos e do respaldo do capital privado.

Para o efeito, a DG Regio está empenhada em auxiliar as autoridades gestores na criação de instrumentos financeiros que apoiem os projetos do NBE e alavanquem os recursos privados. Estas medidas, destinadas a facilitar o acesso para apoiar e avaliar a viabilidade dos projetos, corresponderão ao instrumento financeiro do modelo de desenvolvimento territorial do NBE.

As novas iniciativas associadas ao NBE não se ficam por aqui: no segundo semestre de 2022, será lançado o primeiro convite da Iniciativa Urbana Europeia dedicado ao Novo Bauhaus Europeu, o primeiro de muitos convites anuais à apresentação de projetos que testem novas soluções para desafios urbanos.

O convite fornecerá 20 milhões de euros a 4-5 municípios com mais de 50 000 habitantes, com vista ao financiamento de elementos de infraestruturas que contribuam para projetos do Novo Bauhaus Europeu.

Além disso, a DG REGIO encerrou recentemente o convite para «Apoio a iniciativas do Novo Bauhaus Europeu», destinado a municípios com menos de 100 000 habitantes. Até 20 municípios receberão o apoio de peritos para desenvolverem as suas propostas para projetos do Novo Bauhaus Europeu. Com base na sua experiência, será criado um conjunto de ferramentas para promover o conhecimento sobre como preparar os investimentos tipo NBE.

Inspiração e compromisso

Estes passos concretos, que se inspiram na iniciativa visionário do NBE e os Prémios, em particular, assinalam o compromisso da Comissão para com os princípios fundamentais desta iniciativa.   

Alexandra Mitsotaki, Presidente do Fórum Humano Mundial, salientou que o NBE representa uma mais-valia não só no quadro da agenda política em matéria de clima, como também «alarga a estreita abordagem tecnocrática» para enfrentar crises futuras, impulsionando um movimento sociocultural da base para o topo.

O festival, que reuniu todos os finalistas dos prémios NBE, representou a oportunidade para celebrar e apresentar todas as ideias inovadoras que já circulam na UE.

Ligação a organizações de base

Acima de tudo, o NBE é um exemplo de como ligar políticas a organizações de base e «encontrar o raio de laser entre o governo e a abordagem da base para o topo», tal como afirmou Jan Vermuelen, criador do projeto vencedor De Korenbloem.

 

 

Os projetos dividiram-se em quatro categorias: Restabelecer a ligação à natureza; Recuperar o sentimento de pertença; Priorizar os locais e as pessoas que mais precisam e Moldar um ecossistema industrial circular e apoiar um raciocínio de ciclo de vida. Em cada categoria, o prémios foram atribuídos a projetos concluídos e a jovens promissores (com menos de 30 anos de idade).

Um júri de peritos recebeu a tarefa de selecionar 16 vencedores e finalistas; foram ainda selecionados dois vencedores adicionais por voto do público no espírito de abertura que caracteriza o NBE.

Entre os projetos que participaram na cerimónia de entrega dos prémios, muitos desenvolveram-se em torno da ideia de restruturar, reapropriar e remodelar espaços públicos através de abordagens centradas nas pessoas.

Outros projetos procuraram formas de alcançar um equilíbrio entre a atividade humana e o ambiente, utilizando os recursos de uma forma ética. Muitas outras iniciativas centraram-se na participação dos cidadãos, promoveram a coesão social, aprendizagem e formação ou desafiaram o sistema atual de consumo excessivo, encontrando formas inovadoras de aperfeiçoar, reciclar e reutilizar os resíduos.

Iniciar uma mudança mais abrangente

Mariya Gabriel, comissária para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, destacou o poder transformador de repensarmos o mundo que nos rodeia, dirigindo-se ao público com as seguintes palavras: «os locais onde vivemos moldam-nos e as suas transformações físicas encerram o poder de iniciar uma mudança mais abrangente e esta é uma oportunidade para repensarmos a finalidade de um lugar».

 

         

O representante do Zero Waste Lab, o projeto vencedor na categoria Moldar um ecossistema industrial circular e apoiar um raciocínio de ciclo de vida, fez rapidamente eco das palavras da comissária, acrescentando «o pior tipo de desperdício é o desperdício de oportunidades», que resumo dois dos temas abrangentes do festival.

A avaliação dos projetos verificou que as participações foram enriquecedoras, ao serem inspiradas pela arte e cultura ou ao responderem a necessidades além da funcionalidade, sustentáveis, em harmonia com a natureza e o meio ambiente e inclusivas, resultando, por isso, num diálogo de culturas, disciplinas, géneros e idades.

Nas suas observações finais, a comissária Ferreira agradeceu a todos os concorrentes por darem forma à suas ideias e afirmou: «Os vossos projetos, as vossas ideias e a materialização dos nossos valores são a prova e a inspiração de que a excelência que celebramos hoje em Bruxelas pode ser replicada em toda a Europa, em todas as nossas regiões e vilas; é o que podemos chamar um movimento cultural e estamos a fazê-lo todos juntos.»

Acrescentou a Comissária: «Todos sabemos que a transição verde e digital implica uma mudança profunda nas nossas economias e nas nossas vidas e os vossos exemplos mostram que isso é possível, que essa transformação já está, de facto, a acontecer.»

 

Responsabilidade partilhada

O que emergiu da cerimónia de entrega de prémios através das palavras dos oradores e de muitos dos discursos de agradecimento dos vencedores foi um sentimento de responsabilidade partilhada e de compromisso coletivo de colaboração nos mesmos ideais e no acionar de mudanças estruturais.

O representante do projeto Gardens of the future, o vencedor do voto do público, afirmou: «(o projeto) Gardens of the future está a plantar as sementes de uma nova mentalidade de como a vida deve ser vivida a partir de agora e ainda temos um longo caminho de cura a percorrer. Para curarmos o planeta e a nós próprios. Penso que o Novo Bauhaus existe para acelerar o processo e vamos fazer isto juntos.»

Para muitos concorrentes, os Prémios NBE foram sinónimos do reconhecimento e recompensa daquelas pessoas e comunidades que agem localmente para responderem a desafios globais e que mostram que as realidades e problemas locais podem ser exemplares.

Entre as ideias inspiradoras apresentadas pelos participantes e o compromisso da Comissão para com uma resposta justa às alterações climáticas, o NBE está a transformar-se numa rede de cidadãos, inovadores e comunidades locais dedicadas que sonham e agem por um futuro sustentável, belo e inclusivo. Em suma, o NBE está a transformar-se de uma iniciativa num movimento real.

Visite o sítio da Internet do NBE para aceder a um resumo dos projetos vencedores e finalistas hiperligação