O projeto Transporte a Pedido criou uma rede de transportes com mais de 70 rotas, mais de 1 300 paragens e serviços frequentes no Médio Tejo, uma parte escassamente povoada da região Centro de Portugal e com poucas opções de transporte público. Os passageiros reservam com antecedência, quer online quer por telefone, e os itinerários e horários são ajustados diariamente. Os veículos, na sua maioria táxis de 30 operadores locais, servem apenas as paragens com reservas. As taxas de pagamento são baseadas na distância percorrida, até um máximo de 4 EUR por viagem – mais barato do que as viagens de táxi normais.
- 28 September 2021
O Transporte a Pedido no Médio Tejo provou a sua sustentabilidade ambiental e económica, contribuindo significativamente para a inclusão social. Tais resultados têm levado à sua replicação noutras regiões de Portugal.
O serviço começou com cinco rotas no concelho de Mação, em 2013. Expandiu-se pelo Médio Tejo e transporta atualmente cerca de 1 200 passageiros, percorrendo uma distância de cerca de 13 500 km por mês e servindo uma área de cerca de 214 000 residentes.
Tendo começado por ligar pequenas cidades sede de município, o projeto estabeleceu mais tarde ligações regulares entre as 13 sedes de concelho do Médio Tejo, dando aos jovens e aos trabalhadores um incentivo à utilização do transporte público em vez do transporte privado para as suas deslocações diárias.
Combate à exclusão
Para além de uma baixa densidade populacional, um quarto dos habitantes de alguns dos municípios do Médio Tejo tem mais de 75 anos de idade. A escassez de transportes públicos nestas áreas conduz a graves desigualdades e ao risco de exclusão social. Esta situação agravou-se nos últimos anos devido à centralização de instalações essenciais nas grandes cidades.
O Transporte a Pedido salvaguarda o direito à mobilidade e ao acesso aos serviços básicos para as pessoas das zonas rurais. Os seus horários estão alinhados com os dos caminhos-de-ferro e outros serviços de transporte rodoviário, bem como com os horários de funcionamento dos centros de saúde e das escolas.
Além de ser comparável aos meios de transporte regulares em termos de qualidade, o serviço é mais sustentável do ponto de vista ambiental e económico. A otimização das rotas maximiza as taxas de ocupação e reduz a distância percorrida – a frota cobre cerca de 10 % da distância que os modos tradicionais precisariam de cobrir para assegurar o mesmo nível de serviço. Isto reduz significativamente as emissões de CO2 e os custos operacionais, que se situavam em 6 500 EUR por mês em 2020. O envolvimento das empresas de táxis locais aumenta a rentabilidade das pequenas empresas.
Clientes satisfeitos
Cerca de 97 % dos utilizadores do Transporte a Pedido estão muito satisfeitos com a sua pontualidade, rapidez e conforto, e 90 % têm a mesma opinião sobre o sistema de reservas. Os níveis de utilização têm permanecido elevados, apesar da pandemia de COVID-19; foram feitas reservas em mais de 9 em cada 10 dias em 2020.
O serviço evoluiu ao longo do tempo para melhorar a sua sustentabilidade financeira. Foram feitas mudanças nas ferramentas de otimização de rotas, nas condições contratuais e na tipologia das viaturas utilizadas: considerou-se como mais adequadas as de 4-8 lugares.
O apoio das juntas de freguesia e associações locais tem sido crucial para identificar as necessidades, configurar os serviços e divulgar informações. Após a avaliação dos comentários, o serviço é revisto trimestralmente.
O Transporte a Pedido foi implementado como um projeto-piloto antes da adoção de legislação que permitisse o lançamento de iniciativas semelhantes noutros locais de Portugal. Foi subsequentemente replicado noutras zonas, nomeadamente no distrito de Coimbra.
Beneficiários
«É uma boa solução que antes faltava no concelho de Vila de Rei. Muitas pessoas vão usá-la. Estou satisfeito com este serviço de transporte. Ajuda as pessoas e deve ser mantido no futuro.»
Joaquim Marques da Eira, Utilizador do Transporte a Pedido, Vila de Rei
«É um serviço conveniente e amigo do ambiente. Traz-lhe tranquilidade por não ter de conduzir. Poupa a sua carteira e não usa o seu carro.»
José Prates, utilizador do Transporte a Pedido, Abrantes
Investimento total e financiamento da UE
O investimento total para o projeto «Transporte a Pedido no Médio Tejo» é de 174 111 EUR, com a contribuição do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional da UE no valor de 147 994 EUR, através do Programa Operacional «Centro» para o período de programação 2007-2013. O investimento enquadra-se na prioridade «Consolidação e qualificação dos espaços sub-regionais».