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Ecomare: Salvar e proteger a vida marinha na Ria de Aveiro, Portugal

  • 17 September 2019

Na região Centro de Portugal, o projeto Ecomare liga o Porto de Aveiro à Ria de Aveiro para ajudar a preservar, proteger e garantir a utilização sustentável dos recursos biológicos marinhos. Ao ligar a infraestrutura cinzenta existente às zonas verde e azul próximas, o Ecomare exemplifica como poderão ser as cidades portuárias modernas.

O Ecomare une a zona cinzenta do Porto de Aveiro com o verde de uma lagoa costeira emblemática, a Ria de Aveiro, para promover a conservação (resgate, reabilitação e devolução à vida selvagem de aves marinhas, tartarugas marinhas, focas e golfinhos) e a utilização sustentável dos recursos biológicos marinhos autóctones (o azul). O Ecomare já respondeu a 944 resgastes de animais. É um exemplo de instalações de demonstração, à escala pré-industrial, para soluções de aquacultura sustentável e biotecnologia azul.

Artur Silva, Vice-Reitor para Investigação, Inovação e 3.º Ciclo da Universidade de Aveiro e coordenador do Ecomare

A colaboração entre a Universidade de Aveiro, o Município de Ílhavo e a administração do Porto de Aveiro resultou na criação do centro de resgate e reabilitação Ecomare no porto existente. O projeto é um exemplo do modo como a infraestrutura existente nas zonas costeiras desenvolvidas com acesso privilegiado ao mar podem ser utilizadas para a conservação e apreciação dos bens e serviços dos ecossistemas. 

Salvar a vida marinha da região

O principal objetivo das instalações consiste na conservação marítima. O complexo possui uma equipa de resgate que responde a emergências 24 horas por dia, 7 dias por semana, uma unidade de cuidados intensivos, ferramentas de diagnóstico portáteis e uma ambulância criada especificamente para resgatar organismos marinhos. Desde a inauguração do complexo, a equipa residente já realizou quase 1 000 resgates de animais, quase um terço dos quais foram reabilitados com sucesso e devolvidos ao oceano. As instalações são o primeiro local nacional de resposta para a fauna afetada por derrames de petróleo na costa portuguesa.

Graças a vários tanques de grandes dimensões – o maior com capacidade para 1,5 milhões de metros cúbicos de água – o complexo consegue acolher e reabilitar 1 000 animais por ano. Uma característica única é a existência de um banco de tecidos de mamíferos marinhos que contém amostras congeladas para investigação. Conta com a única biblioteca viva de invertebrados marinhos do país. Esta biblioteca está a ser utilizada para fornecer biomassa para ensaios de aquacultura sustentável e biotecnologia. Este tipo de desenvolvimento tecnológico está a contribuir para a bioeconomia azul da região, proporcionando novos serviços e produtos inspirados pelo oceano. 

De cariz regional para nacional

Aquela que começou como uma parceria regional entre diferentes entidades na região de Aveiro transformou-se numa colaboração a nível nacional. O Ecomare trabalha com diversos institutos nacionais para proteger a vida e os recursos marinhos em toda a costa portuguesa. Inclui-se neste esforço a promoção da gestão do oceano sustentável, a sensibilização para o impacto do lixo marítimo e o desenvolvimento de soluções de biotecnologia azul e aquacultura. O projeto está a organizar cursos de formação pagos sobre o tratamento, a reabilitação e até a realização de autópsias de organismos marinhos. 

O Ecomare está a colaborar com a Autoridade Marítima Nacional e a Autoridade para a Segurança Alimentar para combater atividades piscatórias não declaradas e ilícitas através da utilização de ferramentas biotecnológicas que determinam a origem geográfica dos mariscos. Ao fazê-lo, o projeto tem ajudado a desmantelar várias redes criminosas ativas no comércio ilegal de bivalves e meixão em toda a linha costeira.

O projeto trabalha com empresas privadas numa tentativa de liderar o desenvolvimento da bioeconomia azul da região. Em colaboração com a Jerónimo Martins, um grupo empresarial líder em Portugal, o Ecomare está a implementar o primeiro projeto de aquacultura português destinado à produção de salmão do Atlântico em caixas submersas ao largo da costa. A produção desta espécie a nível local, e não a milhares de quilómetros de distância, resultará numa redução significativa da pegada de carbono. Simultaneamente, aumentará a biodiversidade marinha da região, uma vez que a aquacultura ao largo da costa proíbe outras atividades piscatórias comerciais mais intrusivas.

O impacto positivo do projeto na região costeira realça a sua relevância e sentido de oportunidade. Além disso, a população regional apoia ativamente os esforços do projeto e está sensibilizada para a relevância ecológica, social e económica da Ria. O centro recebe chamadas da população civil a comunicar animais marinhos feridos e existem atualmente várias iniciativas científicas dos cidadãos, tudo graças à sensibilização promovida pelo projeto.

Investimento total e financiamento da UE

O investimento total para o projeto “Ecomare: Laboratório de Inovação e Sustentabilidade dos Recursos Biológicos Marinhos” é de 4 861 099 EUR, com uma contribuição de 4 100 308 EUR do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional através do Programa Operacional “Centro” para o período de programação 2007-2013. O investimento insere-se no âmbito da prioridade "Proteger e melhorar o ambiente".